Fibra do miriti, exposta ao sol para secar - Foto Evandro dos Santos Ferreira
O que é o miriti?
Fruta do miriti - Foto Google
Fibra do miriti, exposta ao sol para secar - Foto Evandro dos Santos Ferreira
A biodiversidade da Amazônia desempenha um papel crucial não apenas na preservação do meio ambiente, mas também no desenvolvimento de alternativas econômicas
sustentáveis que podem impulsionar diversos setores. Entre os muitos tesouros que esta vasta floresta tropical abriga, o miriti se destaca como um exemplo
notável de recursos com grande potencial na promoção da bioeconomia regional. Originária das áreas alagadas da Amazônia e do Cerrado, a palmeira de miriti,
conhecida por uma variedade de nomes locais como buriti, buri, carandaí-guaçu ou muriti, é reverenciada por algumas comunidades indígenas como a "árvore da
vida". Sua distribuição abrange uma vasta área, desde os estados do Norte até algumas regiões do Sudeste do Brasil, evidenciando sua importância geográfica e
cultural. Além de sua importância cultural, o miriti oferece uma miríade de benefícios práticos. Seu fruto, por exemplo, é uma fonte rica em vitaminas A, B e C,
além de fornecer cálcio, ferro e proteínas essenciais. Consumido tradicionalmente fresco, o fruto do buriti também é amplamente utilizado na culinária regional,
sendo transformado em uma variedade de produtos como doces, sucos, picolés, licores, vinhos e sobremesas de sabor distinto.
Além disso, o óleo extraído da fruta é altamente valorizado pelas suas propriedades medicinais. Rico em carotenoides, é utilizado por comunidades tradicionais
do Cerrado como vermífugo, cicatrizante e fonte natural de energia. Suas aplicações se estendem para além da medicina, sendo também utilizado na indústria
cosmética para amaciar e envernizar couros, e como ingrediente em cremes, xampus, protetores solares e sabonetes, conferindo propriedades nutritivas e
aromáticas.
No contexto econômico, a fibra do miriti desempenha um papel fundamental, principalmente na indústria do artesanato. Sua fibra resistente, naturalmente maleável
e adaptável é amplamente utilizada na confecção de uma variedade de produtos artesanais, incluindo brinquedos, itens de decoração e cosméticos. Essa prática,
inserida na etnoeconomia, não apenas valoriza os recursos naturais da região, mas também preserva e promove as tradições culturais e o conhecimento local. Em
suma, o miriti é muito mais do que uma simples planta da Amazônia; é um símbolo da riqueza e da diversidade desta região, oferecendo benefícios tangíveis e
intangíveis que transcendem fronteiras geográficas e culturais. Seu potencial na promoção de alternativas sustentáveis e na geração de renda para comunidades
locais destaca-se como um exemplo inspirador de como a conservação da biodiversidade pode ser aliada ao desenvolvimento econômico e cultural.
Os brinquedos de miriti
Os brinquedos de miriti, uma expressão artística do artesanato típico da cidade de Abaetetuba, são confeccionados a partir da polpa ou bucha do miriti, uma
palmeira comum nas áreas de várzea da Amazônia e abundante no município. Abaetetuba está situada na zona fisiográfica Guajarina, às margens do rio Tocantins, de
frente para a baía de Marapatá, no Baixo Tocantins.
Fundada no século XVIII, a cidade possui uma topografia plana, com solos que variam entre várzea, tesos e terra firme. O clima quente e úmido, sujeito a enchentes
periódicas, favorece o desenvolvimento dos miritizais, áreas onde crescem as palmeiras de miriti. Esses brinquedos, verdadeiras obras de arte, refletem o desejo e
a necessidade de transformar sonhos e experiências em matéria palpável. A habilidade dos artesãos em esculpir esses objetos é notável. Antonio Silva, um dos
artesãos locais, revela:
“Eu aprendi a fazer brinquedo da minha cabeça mesmo, olhando os outros fazendo, eu aprendi, mas nunca imitei ninguém.”
Antonio Silva –Artesão
A vaga história das origens
A história dos brinquedos de miriti tem suas origens perdidas no tempo da cultura oral amazônica. Em Abaetetuba, acreditasse que as crianças tenham sido as
primeiras a utilizar o miriti para criar pequenos brinquedos, devido à maleabilidade do material e a capacidade de flutuar na água. Posteriormente, tais
brinquedos logo se tornaram parte integrante do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, cuja realização remonta a 1793. Hoje, os brinquedos de miriti estão
tão entrelaçados com a procissão que se tornaram um de seus símbolos culturais mais representativos.
O Círio de Nazaré é a maior manifestação católica do Brasil, realizada anualmente no segundo domingo de outubro, na capital do estado do Pará, Belém. É uma
celebração que transcende as fronteiras da religião, representando uma síntese cultural da complexidade e diversidade da região amazônica. O termo "círio", de
origem latina, designa uma tocha grande, semelhante à vela pascal, e é usado tanto em Portugal quanto no Brasil para descrever romarias e procissões em honra aos
santos padroeiros. Para muitos, o Círio não é apenas uma festa religiosa, mas um momento de intercâmbio ritual e trocas simbólicas, que fortalecem a identidade
regional e reforçam os laços comunitários. Estima-se que cerca de um milhão de devotos acompanhem a procissão anualmente, percorrendo um trajeto de
aproximadamente 4,5 km pelas ruas de Belém, desde a Sé Catedral até a Basílica de Nazaré. A conexão dos brinquedos de miriti com o Círio revela sua natureza
cíclica e periódica. Durante a festa, há um impulso comercial que estimula a produção desses artefatos, ao mesmo tempo em que ressalta seu valor social e
cultural. Os brinquedos de miriti se tornam não apenas itens de entretenimento, mas também objetos de devoção e gratidão, usados como oferendas à Santa ou como
símbolos de promessas cumpridas. Essa relação especial pode ser testemunhada pelos próprios artesãos. Muitos deles foram inspirados a iniciar sua produção ao
testemunhar a venda dos brinquedos durante o Círio. Para eles, fabricar esses brinquedos vai além do aspecto comercial; é uma forma de expressar sua devoção
religiosa e sua conexão com a tradição cultural da Amazônia.
Pelo exposto, é possível afirmar que os brinquedos de miriti são um exemplo notável de como a arte e a religião se entrelaçam na cultura amazônica, refletindo a
riqueza e a diversidade da região. Assim, os brinquedos de miriti não são apenas objetos de entretenimento, mas também expressões de devoção, tradição e identidade,
que contribuem para a preservação e valorização da cultura local. Por esse motivo, os brinquedos são apreciados pela versatilidade e significado, tanto por crianças
quanto por adultos, dentro e fora da região amazônica.
Fibra do miriti - Foto Edney Souza
"A floresta dá muita coisa boa né? Mas uma é especial que é a miritizeira. (...) pra mim, a árvore da bença ela tem um significado muito importante, sabe?
Porque ela salvou a minha vida. Ela oferece a matéria-prima que salvou a minha vida, então tem um sentido muito especial. E eu passei a amar mais as pessoas
depois que eu passei a amar a floresta, sabe?”
Valdeli Costa –Artesão
Como são fabricados?
Fibra do miriti - Foto Edney Souza
"A floresta dá muita coisa boa né? Mas uma é especial que é a miritizeira. (...) pra mim, a árvore da bença ela tem um significado muito importante, sabe?
Porque ela salvou a minha vida. Ela oferece a matéria-prima que salvou a minha vida, então tem um sentido muito especial. E eu passei a amar mais as pessoas
depois que eu passei a amar a floresta, sabe?”
Valdeli Costa –Artesão
Conforme já exposto, os brinquedos são esculpidos em um material conhecido como a fibra do miritizeiro, uma substância vegetal leve e flexível. O miritizeiro,
uma palmeira que cresce abundantemente na região de Abaetetuba, alcança alturas que variam de 30 a 50 metros, é uma árvore fundamental na cultura local,
encontrada em abundância nos terrenos baixos e alagadiços formados pelos transbordamentos dos rios. A intensa produção de brinquedos em Abaetetuba é
impulsionada pela grande quantidade de miritizeiros presentes no município.
A densa rede fluvial, transformando a região em um arquipélago com ilhas cortadas por rios, lagos e igarapés, proporcionou condições ideais para a proliferação
dessa espécie vegetal. Para preparar a fibra do miritizeiro para o entalhe, é necessário seguir uma metodologia adequada. Primeiramente, retiram-se as fibras
duras que revestem a polpa. Em seguida, as toras de polpa são deixadas ao sol para secar, adquirindo a consistência necessária para o entalhe. Os artesãos
adquirem o material entre novembro de um ano e julho do ano seguinte, para garantir que esteja completamente seco durante o inverno menos úmido e quente. Nesse
período, a fibra do miritizeiro adquire a textura ideal para ser cortada e lixada. O miritizeiro é comprado ainda verde e deixado para secar naturalmente,
aproveitando o calor do ambiente dentro de casa. Enquanto no sol ele seca superficialmente, não alcança uma secagem completa. Ao ser deixado em casa, há tempo
suficiente para que seque por completo, resultando em um produto refinado.
O processo artístico
A produção dos brinquedos de miriti revela a profunda conexão entre o artista e sua criação. O artesão não apenas executa sua obra, mas também a molda com um toque
estético singular durante o processo de modelagem. Possui uma habilidade técnica refinada, que serve a uma concepção de forma significativa dentro do contexto
cultural em que trabalha. Os principais processos técnicos envolvidos na criação dos brinquedos incluem corte, lixamento, montagem e pintura. Embora pareça fácil
esculpir a polpa do miritizeiro, ela requer facas afiadas e total concentração. A textura macia do material permite cortes suaves, mas a faca deve ser manuseada com
precisão para evitar acidentes. O artesão penetra na matéria do miriti, dando forma a sua imaginação e desejos. Há uma certa espiritualidade poética envolvida nesse
processo, já que ele esculpe algo efêmero devido à fragilidade do material. As figuras resultantes são simplificadas em seus traços, mantendo apenas os elementos
essenciais, sem detalhes naturalistas, devido à textura do material e às lâminas de entalhe utilizadas. Existe uma perfeita harmonia entre os processos,
instrumentos e materiais empregados para alcançar esse resultado estético característico desse gênero de criação. Dessa forma, o artesão dos brinquedos de miriti é
como um escultor de sonhos.
Sentados, frequentemente, no chão ou em uma pequena banqueta, o artesão de brinquedos estabelece uma relação íntima e familiar com os materiais e objetos. Com suas
mãos, ele manipula com cuidado um pedaço de miriti, avaliando sua condição material sem pressa, acariciando-o suavemente para tornar sua superfície uniforme e lisa.
Ele corta os contornos das peças ou partes do brinquedo com delicadeza, sem parecer causar danos à matéria, que se revela cheia de potencialidades. Depois de
esculpir a figura, é necessário o acabamento para suavizar as superfícies e contornos. Toda aspereza precisa ser removida, deixando as superfícies prontas para
receber as cores, o toque das mãos e o olhar. É um processo de suavização da matéria que ocorre após a modelagem, visando eliminar as imperfeições da polpa do
miriti para obter superfícies lisas e suaves. Com o uso do cabo da lâmina de entalhe, a superfície porosa é impermeabilizada para facilitar a pintura. Quando os
brinquedos são compostos por várias partes, elas precisam ser montadas, fixadas com cola ou estiletes de tala, para alcançar a forma final. Os brinquedos estão
prontos, mas ainda exibem a cor natural do miriti. Alguns artesãos optam por mantê-los nessa tonalidade, enquanto outros os pintam com cores ou símbolos.
Tipos e características dos brinquedos
A diversidade dos objetos produzidos é vasta, estabelecendo uma relação entre o simbólico e o real. Alguns exemplos ilustrativos incluem: a "montaria", que é uma
representação em pequena escala de uma canoa ou igarité indígena, disponível em versões pintadas ou sem pintura. Sua forma destaca-se pela sua plasticidade,
reproduzindo fielmente as proporções do modelo original. A "canoa de vela" é um tipo mais complexo, exigindo cobertura no tombadilho, mastros, lemes móveis e
pintura com signos que fazem parte dos códigos semióticos das canoas maiores que navegam pelos rios da Amazônia. Os "navios ou motores", seja do tipo "gaiola" ou
"marabaense", construídos conforme os modelos de grande porte, requerem maior complexidade na fabricação e na pintura. O mesmo ocorre com os "iates" de dois mastros
com velas, que se assemelham a uma embarcação comumente usada para transportar gado bovino da ilha do Marajó. A "cobra-que-mexe" é outra reprodução da região,
engenhosamente articulada para imitar o movimento de um réptil quando agitada pelo vento ou arrastada no chão por um fio. Dividida em partes de miriti unidas
longitudinalmente por uma tira de pano que passa do meio da cabeça à cauda, as cobras-que-mexem têm no movimento um elemento visual constitutivo de sua função.
Outro componente dessa fauna de miriti é o "tatu", que também incorpora o movimento como um dos seus sinais de interesse. Manipulado com a mão para oscilar para a
esquerda ou para a direita, o tatu tem uma tala enfiada em uma das partes laterais do corpo, permitindo que a cabeça e o rabo, móveis, oscilem numa estilização dos
movimentos do animal vivo. O "soca-soca" é outro brinquedo de grande aceitação, representado por dois homens trabalhando com pilões para triturar uma substância
imaginária. Sentados de frente um para o outro, eles seguram os pilões, e um pequeno movimento nas bases onde estão sentados, graças a duas tiras articuladas e
superpostas, faz com que batam alternadamente com os pilões, pintados com cores primárias, constituindo um objeto plástico interessante que pode ser agrupado em
forma de painel para um efeito visual impressionante.
Seguindo a mesma linha de concepção cromática e plástica estão as "pombinhas". São duas pombas pousadas em uma tira de miriti, uma de frente para a outra, com uma
vasilha entre elas contendo grãos imaginários. Do pescoço articulado ao corpo de cada ave sai a ponta de um cordão que se une, amarrando um pequeno peso que fica
pendurado embaixo. Segurando-se em uma tala espetada na base do brinquedo e oscilando pendularmente para a esquerda e para a direita, provoca-se um movimento que
faz as figuras simularem bicando alimento na vasilha. Os "dançarinos" representam um casal dançando, abraçados, com o movimento da dança podendo ser provocado pelo
vento, se estiverem pendurados, ou pelas mãos, como marionetes. Esses dançarinos vestem roupas de pano, diferenciando-se dos outros brinquedos. São apenas alguns
exemplos da variada tipologia dos brinquedos de miriti, representativos da inventividade e do rico imaginário do caboclo. Trabalhando com o miriti, os artesãos
complementam com outros materiais conforme a necessidade: algodão, argila, tecidos baratos, talas, fios, cola, resinas, tintas, etc. Novos elementos vão sendo
acumulados à medida que são exigidos pelo processo de fabricação e para atender às novas ideias criativas dos artesãos.
Fábrica dos sonhos: um núcleo de transformação social e cultural
A fábrica dos sonhos, como é chamada, é um espaço artístico e comunitário localizado no bairro do Cristo Redentor, na rua Padre Mário Lanceotte, em Abaetetuba, no
Pará. Sua ligação institucional está vinculada à
MIRITONG (Associação de Arte Miriti) e é parte dos
esforços do Mestre artesão Valdeli Costa e sua família (Aldelita, Gizelle, Gessica, Gabriela e Elvis Leno). O objetivo é incentivar a inclusão social através das
artes e cuidar das crianças em situação de vulnerabilidade. Este trabalho vai além do entretenimento e tem sido inspirador para os moradores locais, que passaram
a ver uma oportunidade para seus filhos terem contato com as artes e desenvolverem uma vida social mais ampla com aspectos solidários e formativos. O projeto teve
início em 2002, oferecendo oficinas de teatro, dança, música e artesanato, além de expressão audiovisual, exposições e apresentações artísticas. Também reconhece
os artistas locais e estabeleceu parcerias com o Museu do Folclore, Sebrae, UFRA e UFPA, através do Museu do Tocantins. O projeto também criou um grupo de teatro
chamado MIRITINS, composto exclusivamente por crianças, que se tornou uma atração na cidade com suas apresentações performáticas sobre temas religiosos e
folclóricos.
Atualmente, é coordenado por Gizele Alves, graduanda em Letras pela UFPA, e pelos arte-educadores José Antônio e Augusto Neves. O objetivo é contribuir para a
formação cidadã através do teatro, promovendo o respeito, a solidariedade, o companheirismo e incentivando o estudo, o convívio familiar e social. O público-alvo
são crianças e adolescentes da região, que têm poucas opções saudáveis de interação e acesso à cultura.
Famosa artesã Nina Abreu - Foto Blog Palavra de vida
Exposição dos brinquedos de miriti no MiritiFest - Foto Carlos Sodré/Agência Pará
MiritiFest
O Festival do Miriti (mais conhecido por MiritiFestival ou simplesmente MiritiFest) é um evento cultural do município de Abaetetuba, a "Capital Mundial do
Brinquedo de Miriti". Realizado anualmente nos meses de abril ou maio em celebração ao miriti, a assim denominada "árvore da vida" em virtude da sua imensa gama
de aplicações e produtividade. O festival oferece uma programação diversificada, com a exposição do trabalho dos artesãos locais e apresentações musicais que
atraem visitantes de todo o Pará e de estados vizinhos. Em 2009, tornou-se Patrimônio Cultural do Estado do Pará.
O primeiro MiritiFestival surgiu em 2004, por iniciativa da Associação Comercial e Empresarial de Abaetetuba (ACA), da Associação dos Artesãos de Brinquedos e
Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (Asamab) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). O objetivo foi não somente impulsionar a
economia local, mas dar visibilidade a aspectos positivos da cidade, que vinha sofrendo com sua vinculação à violência do narcotráfico e a destruição do Fórum,
da Câmara dos Vereadores e da sede da Prefeitura, ocorrida em 1998. Em sua primeira edição, cerca de 30 mil visitantes passaram pela praça da Igreja de Nossa
Senhora da Conceição entre os dias 2 e 4 de abril, tendo sido vendidos mais de 13 mil artesanatos. Na segunda edição, em 2005, foram introduzidas na programação
a apresentação de bandas, grupos folclóricos, eventos esportivos, uma praça de alimentação, e uma premiação para obras originais produzidas por artesãos durante
a realização do festival. Em 2008, a data de realização foi alterada para junho, coincidindo com as festas juninas, o que reduziu a visibilidade do evento. A
prefeitura também transferiu o evento para o ginásio Hildo Carvalho, o que reduziu a acessibilidade e provocou inúmeros protestos e descontentamento entre os
expositores. Nos anos seguintes, o festival voltou ao período tradicional entre fins de abril e início de maio, coincidindo com as cheias nos rios e o ápice da
produção de frutos do miritizeiro. O local da realização passou a ser a Praça da Bandeira, espaço amplo e mais adequado para receber o grande número de
visitantes.
Em 2013, a Asamab e o SEBRAE, até então parceiros, passaram a divergir no tocante a crescente interferência da entidade privada nos negócios locais. Embora
reconhecendo a importância da profissionalização dos artesãos oriunda de sua associação ao SEBRAE, os mesmos não aceitaram que fosse concedido espaço para artesãos
de outras localidades do Pará e para tipos de artesanato que não aquele de miriti, aproveitando-se do nome já consagrado da Feira do Miriti. O rompimento foi
oficializado em 2014, quando a Asamab passou a ter maior autonomia na organização do festival.
O festival que nesta edição celebra "20 anos de orgulho e tradição", se consolida como uma potência de talentos e arte, não à toa, o município de Abaetetuba recebe
o título de "Capital Mundial do Brinquedo de Miriti", com o reconhecimento e aumento da visibilidade, surgem diversas oportunidades para o fomento e desenvolvimento
da economia criativa.